Coral Mulheres de Alagados celebra 7 anos de fundação

Música, arte, emoção, muitas reflexões e planos, muitos planos para o futuro. Este foi o clima que marcou as comemorações pelos sete anos de fundação do Coral Mulheres de Alagados, projeto criado e mantido pelo Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA). O encontro, realizado na última terça-feira de agosto (30), ocorreu na sede do CAMA, e contou com a participação de mulheres da Península de Itapagipe e Subúrbio Ferroviário de Salvador, que integram o coral.

A avaliação feita pelas integrantes do projeto durante a comemoração destacou o protagonismo do Coral Mulheres de Alagados como um divisor de águas na história de vida de cada uma delas, seja na trajetória individual ou coletiva. De acordo com as mulheres do coral, este é um projeto vitorioso desde o seu surgimento. Para além do canto e superação pela música, o que estas mulheres vivenciam passa pela reconstrução da autoestima, do intercâmbio de saberes e do sentimento de pertencimento, além de revelar, estimular e incentivar talentos na terceira idade.

O Coral teve origem a partir de uma ação promovida pelo CAMA, o Projeto Mulheres de Alagados, que trabalhou temáticas importantes para a realidade feminina local, como direitos humanos, gênero, raça, meio ambiente e sexualidade. Foi a partir de uma das ações, a realização de uma oficina de canto e coral, que promovia reflexões e o enfrentamento da violência por meio da música, que tudo começou.

O Projeto Mulheres de Alagados chegou ao fim e, por meio de um aditivo, conseguimos viabilizar a sua continuidade com a chegada das professoras de canto, que fazem um trabalho incrível com as integrantes do Coral. Hoje continuamos e nos reunimos todas as terças e quintas.

Andreia Araújo, coordenadora-geral do CAMA

Em uma roda de conversas, a partir dos depoimentos das integrantes do Coral, uma questão entrou em consenso: não há idade para ser feliz e se reinventar. Dona Maria do Amparo de Jesus Santana, que participa das atividades desde o início, se apresentou com entusiasmo:

“Tenho 73 anos, sou mãe, tenho três filhos, sou esposa e auxiliar de enfermagem. Trabalho no bairro da Mangueira, prestando serviços na área da saúde, orientando pais, avós, idosos, crianças, atuo no Posto Comunitário de Saúde. No Coral eu ganhei muito em autoestima, é mais uma forma de atividade e ocupação”.

Dona Maria do Amparo de Jesus Santana, integrante do Coral

Dona Maria do Amparo lembrou que o convite para integrar as atividades partiu de uma provocação do coordenador do CAMA, Raimundo Nascimento. “Foi ali que nos inserimos no Coral, que só veio a me completar como pessoa. Aqui é uma grande família, as mulheres melhoram a autoestima, interagimos e crescemos. Tivemos a oportunidade de conhecer lugares, levar a nossa arte para diversas pessoas. E a nossa gravação já esta na Casa da Música, estamos ansiosas para ver. É um ganho enorme de conhecimento”, contou dona Maria, que retornou aos estudos recentemente, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Andreia conta que o Coral é um espaço de acolhimento e promoção do autocuidado entre essas mulheres, que encontram fortalecimento durante as reuniões e nas apresentações pela Bahia.

“Não perdemos nenhuma delas para a pandemia. Graças a Deus, todas estão vivas, conseguiram passar por essa fase triste que passamos com a Covid-19, e se mantiveram no grupo”, conta. Dona Maria do Amparo complementa: “No período da pandemia, que foi um momento muito triste, aprendi a usar a internet e trabalhamos online, assim como eu trabalhei na Casa de Oração. Foi uma forma de nos mantermos ativas”.

Andreia Araújo

“Durante a pandemia, pensamos em alternativas para realizar um acompanhamento remoto junto às participantes, na intenção de trazer proximidade para elas e evitar a solidão. Também realizamos aula de canto de remota, que deu supercerto! Para além das atividades, já realizamos apresentações no Fórum Social Mundial, já fizemos apresentações em Ilha de Maré, Lauro de Freitas, São Félix, Simões Filho, nos bairros da Península Itapagipana, além de um documentário que conta a história dessas mulheres”, finalizou Andreia.

Para Maria de Lourdes da Conceição Nascimento, iniciativas como a do Coral Mulheres de Alagados trazem ganhos para as mulheres e também para toda a comunidade.

“Chega uma fase da vida em que você quer ser protegida. As várias fases das nossas vidas tem um potencial que precisamos aproveitar, de sabedoria, de beleza, de inteligência. As mulheres do Coral são pioneiras e aproveitam essa sabedoria, de reaprender, de ter compromissos. O nosso lugar é onde a gente quer chegar e para isso é importante valorizar os nossos sonhos. Sejam felizes!”.

Mulheres de Alagados: Um canto negro para a liberdade – Lançado em 2020, o documentário conta a trajetória de mulheres negras do território de Itapagipe, que encontraram no Coral Mulheres de Alagados um espaço de resistência e fortalecimento para enfrentar os problemas cotidianos. No doc são contadas histórias de mulheres da região de Itapagipe-Alagados, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, que foram vítimas de diversas formas violência, entre elas, temos o relato emocionante de Ana Rosa, fundadora do Grupo de União e Consciência Negra (Grucon), que teve o filho assassinado. Elas encontraram no Coral um ambiente de resistência e fortalecimento, individual e coletivo. O vídeo conta com parceria da Rede Cammpi e do Instituto Odara, através do projeto “Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar” e está disponível no YouTube do CAMA (https://www.youtube.com/watch?v=a4WOb_Kbia4).

Documentário Mulheres de Alagados: Um canto negro para a liberdade

Clube Press – Assessoria de Comunicação
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Marcos Paulo Sales (Jornalista DRT/BA 2246)
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