Trabalho dos catadores/as de materiais recicláveis é essencial para mitigação das mudanças climáticas

Os benefícios da reciclagem feita por estes profissionais vão além da limpeza das cidades.
Foto: Arquivo CAMA

Além das 14 cooperativas cadastradas pela Empresa de Limpeza Urbana de Salvador – LIMPURB, a capital baiana tem cerca de 7.000 catadores/as de materiais recicláveis autônomos/as, ou seja, aquele/as que não fazem parte de associação/cooperativa, de acordo com dados da ONG Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA e do Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia. Esses/as profissionais atuam nas ruas da cidade realizando a coleta e comercialização dos materiais recicláveis e garantido que toneladas de resíduos sólidos sejam desviadas do aterro sanitário, do mar e rios, contribuindo para o aumento dos índices de reciclagem e para a mitigação das mudanças climáticas. Contudo ainda convivem com a falta de apoio do poder público municipal, da sociedade e da iniciativa privada para garantir melhores condições de trabalho e renda.

Buscando apoiar esses profissionais, a ONG CAMA por meio do seus Programas de Inclusão Socioprodutiva e de Desenvolvimento Socioambiental realiza a campanha “Eles/as Cuidam das Cidades, é hora da Cidade Cuidar Deles/as”, cujo objetivo era melhorar as condições de saúde e segurança do trabalho desses profissionais que atuam nas ruas de Salvador, através da distribuição de equipamentos de proteção individual, oficinas e rodas de diálogo sobre saúde e segurança do trabalho e capacitação para o fortalecimento do segmento.

Quanto ao perfil dos catadores/as de materiais recicláveis autônomos/as de Salvador:

Um estudo realizado este ano, denominado “Catadores de materiais recicláveis: análise do perfil socioeconômico na cidade de Salvador, Bahia, Brasil”, de autoria dos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação da Universidade Católica de Salvador, Joilson Santana e Cristina Maria Dacach Fernandez Marchi, aponta o perfil desse profissional em nível local.

Alguns dos resultados assinalados são:

· Quanto às características pessoais e sociais dos catadores avulsos, a maioria dos entrevistados é do sexo masculino (62,5%);

· Sobre a alfabetização, 15% dos entrevistados pela CCRBA (2019) identificam-se como analfabetos;

· Quanto ao recorte étnico, 292 (66,4%) catadores se declaram pretos e 111 (25,2%) pardos;

· Em relação à faixa etária, 69,3% têm idade compreendida entre 30 e 59 anos; 11,1% se encontram acima de 60 anos; e 14,5% estão na faixa etária entre 18 e 29 anos;

· Sobre o estado civil, a maioria declara ser solteira (74,3%) e, quanto à composição familiar, 74,1% têm filhos;

· A respeito da moradia desses trabalhadores, 85,45% responderam que vivem em residência fixa, sendo própria ou alugada, e 12,52% afirmam morar na rua.

No mês de novembro foi divulgada, ainda, outra pesquisa sobre a realidade e perfil de catadores de recicláveis de materiais recicláveis pelo Cataki, que realizou estudos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo para mostrar quem são e como vivem os profissionais da reciclagem.

Os números resultantes impressionam:

· Cerca de 7,5 toneladas de material reciclável recolhida individualmente por catadores e catadoras que são vinculados ao aplicativo;

· Destes profissionais, 71% encontram na coleta a sua única fonte de renda;

· 83% dizem que o orgulho da profissão aumentou quando começaram a trabalhar como catadores cadastrados no Cataki.

· Os benefícios da reciclagem feita por estes profissionais vão além da limpeza das cidades: o serviço de coleta de catadores e catadoras autônomos ajuda a economizar recursos naturais. Num cenário nacional, a energia elétrica poupada pela atividade destes agentes seria suficiente para alimentar 9,6 milhões de casas por um mês. Já a água economizada poderia encher 3.045 piscinas olímpicas ou 1.104 campos oficiais de futebol plantados.

A pesquisa, além de evidenciar o trabalho fundamental de catadoras e catadores de materiais recicláveis para a sociedade, revela realidades e perfis desses profissionais que ainda lutam por direitos trabalhistas e de reconhecimento de suas atividades.

Em todo país, o que a realidade aponta é que grande parte desses profissionais convive com situações discriminatórias, violência policial, ausência de remuneração e alto risco de acidentes.

Com informações do site Pimp My Carroça

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