A 1ª edição do projeto Iemanjá Sustentável foi um sucesso. Superou todas as expectativas. A intenção era retirar, entre a noite do dia 1º de fevereiro e no dia da Festa da Rainha do Mar, cerca de 2,5 toneladas de resíduos sólidos da natureza e beneficiar 50 catadores e catadoras de materiais recicláveis autônomos. Mas, os números foram bem maiores. A Central de Apoio ao Catador (a) de materiais recicláveis, localizada na Rua Conselheiro Pedro Luiz, no Rio Vermelho, recebeu quase de 6 toneladas de garrafas PETs, latinhas de alumínio e plásticos. Além disso, beneficiou mais de 250 trabalhadores, número bem superior dos 50 previstos.
Júlio Moraes Costa, que tira o sustento das ruas do bairro da Pituba, há 5 ano foi um desses. “É a minha primeira vez no projeto. Para mim, foi nota 10. Estão me ajudando. Ontem (dia 1º), consegui R$140, já depositei a pensão da minha filha para não ser preso. Hoje, quero ´matar` R$200”, disse ele, entre risos.
Dona Maria Quitéria Matias já é quase uma veterana nos projetos coordenados por 12 associações e cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis de Salvador, junto com a ONG CAMA, que integram o Fórum Estadual Lixo e Cidadania da Bahia e apoio do Governo do Estado da Bahia, através da SETRE e SEMA, AMBEV, Prefeitura Municipal de Salvador, MPT-BA, MPBA e DPU.
“Trabalhei no São João, no Festival da Virada e agora aqui na Festa de Iemanjá. Vou trabalhar também no Carnaval. Para mim é sempre muito bom. Estou juntando dinheiro para pagar meu cartão e comprar umas coisinhas para casa”, contou Quitéria.
Durante os festejos para Janaína, os catadores tiveram a oportunidade de vender os frutos do trabalho por um preço justo e ainda receber bonificação de R$30, por cada 10 quilos de plástico vendido. O quilo da latinha de alumínio estava custando R$5,00 e do plástico e garrafas PET, R$1,00.
“Está ótimo. Estava em Itapuã ontem (dia 1º), eles estavam comprado as latinhas por R$ 4,00 e R$4,50. Aqui, estou vendendo de R$ 5,00”, disse Adson Santos Silva, desempregado, há 4 meses, e vivendo da reciclagem de materiais.
“Essa foi mais uma oportunidade de destinação adequada dos resíduos sólidos durante mais uma festa popular da Bahia e garantia também da inclusão socioeconômica dos catadores(a) de materiais recicláveis autônomos e cooperativados, por meio do Projeto Iemanjá Sustentável”, explicou Joilson Santana (Coordenador executivo da ONG CAMA).
“Essa é a consolidação de um trabalho que vem sendo desenvolvido, há 2 anos, através da união do coletivo. Depois que nos juntamos tivemos mais força, mais voz e estamos sendo ouvidos. Além da consolidação, é também o reconhecimento do bom trabalho desenvolvido, do nosso serviço de qualidade e união”, Elias Júnior, Cooperativa Bariri.
“Aline Gomes está participando dos projetos desde o início. Quando começou, no São João de 2020, tinha o objetivo de pegar o dinheiro dos dias trabalhado pagar algumas contas, colocar a casa em ordem. Desta vez, vai usar a grana extra para fazer uma viagem com a família.
“Depois do Carnaval, vou comprar as passagens para viajar com meu marido, meus filhos e netos. Vamos para Feira de Santana, para casa da família do meu marido. Estou feliz”, afirmou a trabalhadora da Associação dos Catadores(as) do Nordeste de Amaralina.
Nas ruas no Rio Vermelho, a ação foi bem aceita. As pessoas que passavam na entrada do circuito da festa, onde estava montado um ponto de coleta de móvel de materiais recicláveis faziam questão de descartar os resíduos de forma correta e ainda contribuíam para montar o mosaico com tampinhas de garrafa PET.
“Jacy Paixão estava com os filhos na festa e ao passar no local, parou, entregou a garrinha de água no recipiente e ainda pediu ao filho Leandro, de 8 anos, para montar o mosaico. “Esse trabalho é tudo de bom, maravilhoso. Ajuda a manter as ruas limpas e é muito bom também para a reciclagem”, pontuou a comerciante.
Cerca de 35 trabalhadores cooperativados, além de 50 catadores (as) autônomos (as) participarão do projeto, coordenado pela Coocreja, Cooperguary, Caec, Canore, Crun, Cooperlix, Cooperes, Cooperbari, Cana Recicla, Camapet, Coleta Cidadã, Cooperbrava, junto com a ONG CAMA.
