Julho das Pretas – Um mês de afirmação das lutas das mulheres negras

O Julho das Pretas propõe uma agenda conjunta e propositiva com organizações e movimentos de mulheres negras. A celebração relembra o marco internacional de luta e resistência da mulher negra, um momento para enfrentar o racismo, o sexismo, a discriminação racial, social e de gênero em todo o Brasil. Em sua 10ª edição, contou com o apoio e mobilização do Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), que realizou uma série de rodas de diálogos (dias 21, 23 e 27 de julho), com o tema “Gênero, Patriarcado e as Mulheres Negras no Brasil”. As atividades mobilizaram em torno de 180 pessoas e 30 instituições, além de atrair a imprensa para a cobertura do encontro (jornais A Tarde e Massa, rádio Educadora e portais de notícias).

A iniciativa marca os dez anos de realização do Julho das Pretas e os 30 anos do Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latina-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorados em 25 de julho. O Julho das Pretas aborda temas necessários para a valorização das mulheres negras, como a superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a agenda política destas mulheres em evidência para a sociedade. No mês temático, as pautas são relacionadas, sobretudo, ao racismo estrutural, machismo, opressão social e todo e quaisquer tipos de práticas violentas contra as mulheres negras.

É importante destacar que iniciativas como o Julho das Pretas são essenciais na abertura de espaços para pensar estratégias de sobrevivência das mulheres negras. É um espaço necessário de debates e trocas de experiências entre as mulheres negras, que buscam estratégias de enfrentamento ao racismo e a todos os tipos de violências. “Nós, mulheres negras, não estamos em espaços estratégicos de decisão e poder. Vivemos em uma sociedade patriarcal e precisamos, juntas, traçar estratégias para mudar essa realidade”, defendeu a coordenadora-geral do CAMA, Andreia Araujo.

Em entrevista para o jornal A Tarde, Andreia destacou: “A gente precisa discutir sobre feminicídio, mulher no mercado de trabalho, o espaço da mulher nas politicas de saúde. Temos que levantar essas pautas. Foi mais um debate que a gente conseguiu trazer para a sociedade e que não ficará apenas nesse espaço, porque cada um que esteve aqui, com certeza, vai multiplicar essas ações nas suas comunidades”.

O envolvimento das mulheres negras nestes espaços de discussão (e de toda a sociedade) contribui para a sensação de pertencimento, união e fortalecimento na construção de ações estratégicas voltados para as mulheres negras no combate aos diversos tipos de violência. “As nossas discussões foram pautadas nas questões que envolvem os temas de gênero e patriarcado. Buscamos entender como isso influencia na vida das mulheres negras deste País. A atividade também buscou fortalecer todas nós, mulheres negras, para atuarmos como protagonistas na efetivação dos nossos direitos”, pontuou Ana Carine Nascimento, assessora técnica do CAMA.

Para Maria de Lourdes da Conceição Nascimento, estas iniciativas trazem ganhos para a comunidade. “Ficamos mais fortes, somos capazes de cumprir nossa missão institucional e agregar valores de pertencimento e de identidade a este movimento. Essa estrutura que está ai, hoje, que sempre esteve há mais de 500 anos, é uma estrutura feita para nos matar, mas nós temos nome, sobrenome, endereço, somos homens, mulheres e crianças negras. Ao nos juntarmos, percebemos que não estamos numa luta solitária, lutamos por dias melhores. É a luta que vai ressignificar a nossa história”, destacou.

Representante da Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (Acopamec), Nevidalva Nascimento falou sobre a importância de iniciativas como o Julho das Pretas que, a cada ano, propõe debates relevantes e leva para a sociedade a abordagem de temas necessários, relacionados à superação das desigualdades de gênero e raça. Segundo ela “o Julho das Pretas é um momento importante de reflexão do nosso lugar e do espaço que queremos ocupar”, finalizou.

• Confira as nossas realizações no Julho das Pretas:
Tema: Gênero, Patriarcado e as Mulheres Negras no Brasil
Dia 21/07 (quinta-feira), às 13 horas
Local:
Teatro Artesão da Paz, na sede da ACOPAMEC (Mata Escura);
Abertura: Coral Mulheres de Alagados
Organizações participantes: Jubileu Sul Brasil, Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (Acopamec), Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (Sindoméstico/BA), Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), Mulheres Águia, Associação de Doceiras, Cozinheiras e Confeiteiras de Itapagipe (Adocci), Grupo de União e Consciência Negra (Grucon), Bio Gênese, Costura Solidária, Colher e Sabor, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai), Coral Mulheres de Alagados, Observatório do Racismo Ambiental, Centro Comunitário São José Operário, Cáritas, Coletivo de Mulheres. O evento contou com a participação de 17 organizações e a presença 108 pessoas.

Tema: Gênero, Patriarcado e as Mulheres Negras no Brasil
Dia 23/07 – (sábado), das 9h30 às 17 horas
Local:
CEASA (Residencial CEASA I);
Abertura: Coral Mulheres de Alagados
Organizações participantes: Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB), Mulheres Águia, Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), Associação de Doceiras, Cozinheiras e Confeiteiras de Itapagipe (Adocci), Coral Mulheres de Alagados, Colher e Sabor, Grupo de União e Consciência Negra (Grucon), Bio Gênese, Observatório do Racismo Ambiental, Mulheres de Luta, Costura Solidária. O encontro reuniu 11 organizações e a participação cerca de 24 pessoas.

Tema: Gênero, Patriarcado e as Mulheres Negras no Brasil
Dia 27/07 – (quarta-feira), às 14 horas
Local:
Fábrica Cultural (fim de linha da Ribeira/Itapagipe).
Encerramento: Coral Mulheres de Alagados
Organizações participantes: Coral Mulheres de Alagados, Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet), Grupo de União e Consciência Negra (Grucon), Bio Gênese, Associação de Doceiras, Cozinheiras e Confeiteiras de Itapagipe (Adocci), Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), Jornal A Tarde, Rede Cammpi (Comissão de Articulação e Mobilização da Peninsula de Itapagipe), Banco Comunitário Santa Luzia, Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, Fábrica Cultural (Mercado IAÔ), Costura Solidária, Rede de Bibliotecas Comunitárias, Associação Beneficente e Democrática dos Alagados de Itapagipe (Abdai), Clube Press Comunicação, Casa de Oração Mariazinha, Colher e Sabor, Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai), Observatório do Racismo Ambiental. A roda de dialogo reuniu 19 organizações com a participação de 40 pessoas.

O Julho das Pretas, promovido pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, propõe uma envolve organizações e movimento de mulheres negras do Brasil. Em sua 10ª edição contou com cerca de 427 atividades realizadas por mais de 200 organizações de mulheres negras no País, incluindo a Bahia, além de ações realizadas em Paris (França). Com o tema “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver”, a iniciativa marca os dez anos de realização do Julho das Pretas e os 30 anos do Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latina-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorados em 25 de julho.

Sobre o Centro de Arte e Meio Ambiente – O CAMA é uma organização socioambiental fundado em 1995, no bairro dos Alagados, em Salvador/Bahia. Desenvolve programas e projetos associados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), referenciados pela Agenda 2030 da UNESCO. O objetivo é fortalecer a luta por garantia de direitos de indivíduos e grupos vulnerabilizados, por meio da participação nos processos que proporcionem autonomia e inclusão sociopolítica, contribuindo para a construção de uma sociedade social e economicamente justa, democrática, ambientalmente equilibrada, antirracista, antissexista e contra todas as formas de exclusão.

Assessoria de Imprensa
Jornalista responsável:
Marcos Paulo Sales (DRT/BA 2246)
Contatos: (71) 99135-5465
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